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quarta-feira, 23 de março de 2011

Vai um filho aí? Não obrigada!

OBS: Esse texto não é necessariamente direcionado ao público feminino. Homens conscientes e que possuem suas mentes abertas a qualquer tipo de discussão sobre o assunto, podem usufruir à vontade.




Você (mulher) possui entre 30 e 40 anos, é solteira ou tem um relacionamento estável, enfim, vive muitíssimo bem e extremamente feliz sozinha ou acompanhada. Processo absolutamente normal se não demorasse muito a escutar da família, amigos, conhecidos e até mesmo dos desconhecidos a seguinte pergunta, que possui um considerável tom de cobrança: “Quando você vai ter filhos?”. Ocorre que a maioria das pessoas não está preparada para a seguinte resposta: “Filhos, não os quero!”.
Ao publicizar em alto e bom tom a sua opção por não querer ser mãe, prepare-se para ser analisada como se fosse uma espécie rara e em extinção. Muitas pessoas consideram a maternidade um acontecimento natural na vida de uma mulher. O fato de você não querer seguir este curso natural de ser mulher (que, em minha opinião, chega a ser uma imposição), é uma transgressão às leis da natureza e, até mesmo, às Leis Divinas. De acordo com os defensores da maternidade, toda mulher tem que ser mãe. Isso soa uma obrigatoriedade horrorosa e parece não dar outra opção para quem ainda possui dúvidas sobre se render ou não à maternidade.
Os argumentos para quem recusa o papel de mãe são os mais variados. No entanto, a “liberdade” é o fator mais defendido por todas. Usufruir da liberdade de dormir noites inteiras, de viajar livre de preocupações, de se dedicar inteiramente ao trabalho sem ser escrava do tempo para trocar fraldas, dar mamadas ou papinhas, ir buscar ou deixar as crianças na escola, enfim, a liberdade de poder ir e vir e até de poder ficar num só lugar, sem se preocupar com quem dependerá de você por um longo tempo de sua vida.
O problema é que, atualmente, a pressão por engravidar ainda é muito grande. De acordo com a psicóloga Luci Mansur, até hoje o modelo de família é parecidíssimo com o de várias décadas atrás: “enquanto os homens assumiram o sustento da família, para as mulheres, a procriação se tornou garantia de felicidade, de adequação à natureza feminina, e um meio de manter um reconhecimento social”. Meninas crescem ouvindo que só se realizarão plenamente se parirem. Afinal, fêmeas servem para procriar. É biologicamente comprovado. Talvez, as palavras “parir” e “fêmea” soem um tanto pesadas. Mas será que devemos ainda pensar desta forma mesmo depois da tão propagada “revolução sexual”? Seria um tanto hipócrita por parte de alguns metidos a puritanos.
Bom... Voltemos ao nosso tema tão polêmico. Muitas mulheres resolvem ter filhos apenas por tê-los. Será que isso é o correto? São mães incapazes de propiciar carinho e atenção. Será que não seria mais sensato pensar em todas as dificuldades pós- parto, antes de engravidar?  Ter um filho significa abnegar muitos objetivos e conquistas. Isso tudo deve ser pensado antes de você jogar em uma criança, suas culpas e frustrações por não ter conseguido chegar ao cargo que tanto almejava na empresa, por não ter conseguido dormir uma boa noite de sono, por não conseguir render em seu trabalho, por não ter feito as viagens que gostaria, por não poder ir àquela festa badaladíssima por não ter com quem deixar seu filho, por não poder colocar aquela roupa porque você ficou gorda, cheia de celulites e estrias depois da gravidez, por não poder proporcionar uma boa educação, por não poder pagar uma boa escola, por não poder pagar um bom plano de saúde. Poderia citar aqui mil motivos. Eles estão sempre sendo comentados a todo instante por uma mãe e outra.
Cabe ressaltar que o texto não trata de uma bandeira contra a maternidade, mas sim de uma defesa e respeito à livre escolha de não querer ter filhos. Defendo que é uma decisão que deve ser muito bem refletida antes de ser tomada. Obviamente, tudo na vida tem suas vantagens e desvantagens. Ser mãe, pelo que vejo, também tem seu lado bom. Segundo relatos, não há nada de mais gratificante do que gerar outro ser. Acredito que só sendo mãe mesmo, para sentir a presença de Deus tão próximo. Seria o ápice de demonstração do amor: uma vida gerando outra vida. É algo que deve ser muito emocionante. Esperar meses, enquanto seu corpo muda. E cada mudança é uma novidade comemorada. As primeiras mexidas do bebê são acontecimentos que deixam mãe e pai abobalhados. Passar horas imaginando como será rostinho, o cabelo ou o tom da pele do bebê, deve ser algo maravilhoso. E quando eles nascem? Hum... Na realidade, eles não nascem somente sendo “filhos”. Nascem sendo a razão de viver de seus pais. A rotina da casa e da família muda. Tudo é em função o bebê. Cada dia é uma descoberta e aumenta a felicidade de ser mãe. De repente, você pode se imaginar sem tudo (esposo, carro, trabalho, dinheiro, etc.), mas nunca sem seu filho.
Particularmente adoro crianças, de preferência as educadas. Sou tia e pretendo continuar exercendo somente esta função, por enquanto. Digo que não quero ter filhos, mas posso, um dia, acordar com uma imensa vontade de ser mãe, de sentir tudo o descrito acima. Posso também nunca sentir este desejo em minha vida. Nunca se sabe o que vai acontecer no dia de amanhã. A única coisa que tenho certeza é que ninguém deve influenciar em minha decisão de ser ou não ser mãe. E sabe por quê? Porque isso não seria correto e justo, nem comigo e nem com meu filho (a). Porque essa será uma decisão que cabe, primeiramente, a mim. Por isso,  única certeza que tenho e que só assumirei a maternidade no dia e se um dia eu quiser.

 

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